sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Torradas de Pão

Giorgina, mulher independente, nasceu  quando mulheres queimavam sutiãs, com a vida apreendeu que mulher moderna trabalha e se sustenta, por isso fez faculdade, com muita luta é claro, sempre trabalhou, e como trabalhou, alias, ainda trabalha muito. Na faculdade ainda, acreditava no amor, namorou, desanamorou, mas mulher moderna não é para casar, mulher moderna não foi criada para cozinhar, limpar casa, lavar roupa, cueca então, seu primeiro marido pedia que ela ficasse em casa para cuidar do filho, mas ela, mau conseguiu ficar na licença maternidade, trava de casa, home office conhece? Logico que esse marido não aguentou suas manias feministas, na verdade o pior dos defeitos de Giorgina talvez não fosse esse tal lado moderno que ela gostava de deslumbrar, fosse a falsa santidade de beata relapsa que em Jesus tudo podia, mas tudo era pecado e seu pecado para o marido era que o sexo era horrível e pior, a vizinha não tinha esse pecado. Pior não foi a separação, pior foi ter que ver o ex marido mudar para o apartamento ao lado.

Giorgina chorou, chorou um dia, depois lembrou do trabalho, do filho (que quem cuidava era a sua mãe) e principalmente do trabalho,virou administradora chefe de construção, lidando quase 15 horas com peão de obra, foi bem na obra que encontrou Ualdison, com U mesmo, homem bruto, cheirando a pele e foi nos braços do peão de obra que ela matava sua sede de sexo, quem disse que ela transava mau, ela transava era bem, pelo menos Ualdison gostava, mas o que ela não sabia, que a especie peão de obra, gosta de mulher que abre as pernas e só, sabe aquele sexo peixe. Logico quando Giorgina quis algo a mais com o peão, ele fugiu, nunca viu pessoa que falava tanta coisa em tão pouco tempo, Giorgina decidiu que homem nunca mais e no alto dos seus quase 50 anos, só trabalhou e trabalhou...

Num dia frio de São Paulo, Giorgina chegou em casa depois de três horas no transito, procurou o filho, queria conversar, mas esse, mais ficava na casa da namorada do que na própria casa, tomou um banho quente, sentou no sofá e ficou observando o silêncio, o silêncio que sua vida virou, ouviu barulhos estranhos, era seu estomago, resolveu fazer uma sopa, cortou um pão em fatias, colocou numa travesa de vidro colocou no forno e descobriu que não sabia ligar o forno, apertou todos os botões, entrou no manual pelo seu IPad e nada, desistiu da torrada, foi quando foi fazer a sopa, abriu a geladeira e encontrou duas cenouras, umas folhas de alface, abriu o outro armário para pegar a panela e nesse momento as lagrimas veio ao seu rosto, seu pranto foi profundo, passou na frente dos seus olhos sua vida fria e vazia, vazia como seu armário de panelas, que só agora ela lembrava que tinha vendido, novinhas ainda, naquele site de leilão da internet. 

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