A gota bate no rosto suado, no impasse de evaporar por tamanho calor, acaba por se misturar e fica tão salgada quanto o resto. No céu, onde antes ardia em fogo os raios de sol, agora trovejante refletia as ânsias escondidas na mente e na alma daquele corpo ainda tentando acordar. A pele estava grudada ao piso cru, a cabeça girava, a boca ainda tinha o gosto do álcool misturado com o cigarro.
O chão do quintal tinha sido o refúgio pós boêmio que corpo achou no verão extremo, mas sua cabeça ainda tentava entender o porquê seu corpo ainda queima em chamas e porque seu coração teima em bater descompassado por amores sem sentido.
A chuva fica mais forte e com toda força ele se levanta, buscando memórias, buscando sua própria alma que de alguma forma estava perdida.
O vazio seria melhor que medo que está sentido, o medo do seu próprio ser, das atitudes na noite passada e principalmente do futuro, não do que vai acontecer e sim do que ele vai querer fazer.
Mais força ele precisa empregar para se levantar completo, suas roupas e corpo estão todos molhados, mas ao levantar a cabeça o corpo como um dispositivo mecânico faz que todo o álcool tomado na noite passada seja jogado para fora. Entre golfadas e a chuva caindo; o fim, o fim da linha, o fim do poço chegou e num suspirar mais profundo, ele entende que tudo que vier só poderá ser melhor.
A chuva continua a cair ...
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